sábado, 2 de outubro de 2010

WAIMIRI ATROARI

 
WAIMIRI-ATROARI  VIVIAM A  INOCENCIA DO  PARAISO AMAZÔNICO ALHEIOS   AS   TRAMAS   DO   MUNDO CIVILIZADO ESSA É UMA HISTÓRIA VERÍDICA ACONTECEU NA CONSTRUÇÃO DA BR-174 - “ESTRATÉGICA PARA  A SEGURANÇA NACIONAL E PROGRESSO DA  AMAZÔNIA”. DIZEM ! 
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Sertanista, do SPI/Funai, desde 1950,  fui coadjuvante na ação indigenista para atração dos Waimiri-Atroari - 1966
Em 1966 o coronel Carijó viajou as pressas de Manaus para falar com o Diretor do  Serviço de Proteção aos Índios - SPI, no Rio de Janeiro. A secretária o levou a sala do chefe Sr. José Maria da Gama Malcher, onde eu estava apresentando relatório de viagem à Mato Grosso e Rondônia.
O coronel de engenharia coordenava o DERAM e o DNER construindo estradas no Amazonas. Ele entregou um grande envelope pardo ao Sr. Gama Malcher, dizendo: Estamos com um sério problema nas proximidades de Manaus, eu fazia um vôo de reconhecimento da região e meu avião foi flechado... como o senhor pode ver nessas fotografias. Levei um susto ao sobrevoar a floresta e ver essas gigantescas “choças, e homens nus” atirando flechas na minha direção. Quando cheguei a base vi que acertaram e podiam ter derrubado o avião. Veja as flechas cravadas na fuselagem... As choças são obras de engenharia desafiando a gravidade pela extensão da cobertura circular. São umas 10 ou mais, cada uma pode abrigar um pelotão de infantaria. São cercadas de pau-a-pique como fortificações e estão no meio de plantação de Coca e Maconha, conforme as autoridades do Amazonas identificaram nessas fotos... São índios chefiados por traficantes.
Malcher: –  é incrível como as autoridades do Amazonas chegaram rapidamente a essa conclusão fantasiosa... Sim, porque os índios são muito orgulhosos para se deixar chefiar por brancos...
Coronel: - Sr. Malcher, sabemos que os índios são nômades e fazem abrigo temporário. São  preguiçosos, sujos e vivem de caça e pesca, não iriam construir nem plantar lavoura como essas... Estes são disciplinados como facção militar só podem ser traficantes ou comunistas preparando uma revolução contra o Governo Militar...  Basta o senhor reconhecer essa verdade para as Forças Armadas liquidarem o problema... Estamos construindo a BR-174, que ligará o Amazonas e Roraima a América Central; é estratégica para o desenvolvimento e Segurança Nacional. Como  Diretor do SPI, ou o senhor reconhece o óbvio, ou vai ter muita dor de cabeça para amansar os selvagens e retirá-los da região rapidamente porque a região é de Segurança Nacional.
Malcher: -  Se os índios estão lá, tem todo direito garantido pela Constituição Brasileira. E é minha obrigação como funcionário do SPI garantir suas terras, integridade física e cultural. Isso eu garanto enquanto for “Diretor dessa joça de SPI”
Coronel: - O Senhor sabe que estamos no Regime Militar... E o Presidente, Marechal Castelo Branco, reuniu abordo do navio “Rosa da Fonseca”, em Manaus, seu “staff” para discutir as metas de governo nas áreas de Segurança Nacional, Transportes, Energia Elétrica, Comunicação, Exploração de Recursos Naturais etc. É a “Operação Amazônia...” e não vamos parar por causa de um bando de selvagens de arco e flechas na mão.
Malcher: - Guarde suas insinuações... A Funai é soberana. Estou examinando as aldeias que fotografou. Provavelmente esses índios são sedentários pois ficaram esquecidos nessa floresta exuberante; sem atritos, vivem em paz. A exemplo dos índios do Xingu. O que o senhor identifica como plantação de maconha me parece mandioca, bananeira, cana e legumes rasteiros. Vamos ouvir o Sertanista Peret que é da região amazônica. 
Peret: -  Coronel, parabéns pelas fotografias. As choças são características dos índios Aruak e Karib de Roraima. O grupo de índios lançando flechas para o ar, são bem característico. As choças gigantescas são construídas em mutirão com trançados de varas e palha de ubim, podem abrigar  uns 600 ou mais indivíduos, usam redes, cerâmica e trançados; as lavouras são comunitárias. Como vivem em paz, o senhor deve ter feito alguma coisa que os assustou...
Coronel: - As aldeias estão a uns 200 quilômetros de Manaus, os índios brabos não se arriscariam a  chegar tão próximo a uma cidade. Ali é rota de vôo para  Boa Vista, e os índios já sabem o que é avião... Não há nada de mais nos sobrevôos que faço...  Vou localizando acidentes geográficos e lançando  sacolas de cal para alertar o pessoal da estrada.  
Peret: Sorri - Agora entendi; os índios estão assustados com o “pássaro gigante” que ameaçou as  aldeias. Avião para eles são monstros diluvianos, histórias que os velhos contam junto as fogueiras.    E a comprovação de que são criaturas vivas, encontra nas árvores tintas de branco - cocô (a cal). E por vezes eles devem procurar os ninhos para caçar o pássaro... Isso pode facilitar atrair esses  índios e pacifica-los e rapidamente, sem risco para o sertanista visto como herói mítico.
Malcher: Não entendi... Nesses 20 anos você aprendeu com os sertanistas Francisco Meireles, e os Irmão Villas Boas, como Pacificar e Atrair índios isolados, arredios... Dependendo das circunstâncias os sertanistas levam meses e anos para conseguir essa façanha; Muitos já perderam a vida tentando; Nesses 50 anos ninguém conseguiu inovar... Agora você intuiu uma formula mágica para pacificar índios brabos que atacam até avião...

Coronel: - Não temos tempo a perder, se você consegue amansar esses selvagens e retirá-los de lá rapidamente, você é o homem que precisamos.  Eles tem que sair de lá... É questão de Segurança Nacional e temos prazo a cumprir.
Peret: - Como sertanista aprendi muitos segredos. Estamos nos tempos modernos porque não inovar... Se o Coronel garantir O Apoio Logístico, o Sertanista levaria dias para o primeiro contato e seria bem recebido pelos índios.
Malcher – “O Peret sempre surpreende com suas idéias arriscadas... Ele acaba de regressar de uma sindicância sobre o massacre que vitimaram os “Cinta-Larga”, em Mato Grosso...  Imagine que ele contratou o “mandante do massacre” para levá-lo de taxi-aéreo ao local do massacre, fotografou tudo, jantou e pernoitou na fazenda  do latifundiário e gravou todas a conversa da matança dos índios para abertura de inquérito judicial.”
Coronel: - Vamos, quero ouvir como vamos resolver rapidamente esse “pepino” dos índios selvagens que estão em rota de colisão da BR-174. Daremos todo apoio para retirar esses selvagens do caminho;  A “Operação Amazônia” não vai parar...